Por Fabiana Mendes em 18 de abril de 2020.
Flávia Amadeus, Moda, sustentabilidade
Na última semana antes do anúncio do isolamento social, eu e a vice-diretora da Revista Embassy, Elna Souza, estivemos no Ateliê da Flávia Amadeu, que é designer de joias orgânicas, para um bate-papo gostoso onde pudemos conhecer sua história e seus belíssimos trabalhos. Desde pequena Flávia sempre teve interesse por questões ambientais e sociais, por influência de seus pais e por tudo que envolvia a moda. Aos 15 anos de idade esteve na Amazônia para estudar o ecossistema e se apaixonou por tudo que vivenciou nesse lugar. Formou-se em designer gráfico e logo em seguida fez mestrado na Universidade de Brasília UnB com o tema baseado em sustentabilidade. Ali conheceu o Professor Floriano Pastore, que lhe apresentou a borracha. Ele a entregou um enorme desafio, desenvolver a borracha colorida para um projeto de grande envergadura para o a organização Itaú Cultural. Assim, aprendeu todo o processo de obtenção da borracha, desde a sua extração, passando pelos processos químicos até os produtos manufaturados. Ao ver as inúmeras possibilidades que a borracha poderia permitir, resolveu aliar a sustentabilidade com a moda, desenvolvendo acessórios para o mercado. A grande ideia foi a constatação de que a borracha era diferente do tecido e de qualquer outro material, e no mercado não havia acessórios similares. Quando terminou o mestrado, resolveu desenvolver produtos com sua própria marca, sendo o principal, as jóias orgânicas, com a matéria-prima proveniente das comunidades da Amazônia. A borracha nasceu para gerar renda a essas comunidades e as novas tecnologias ajudam as pessoas a permanecerem ali, trabalhando e preservando a floresta. Todavia, para uma borracha de alta qualidade e colorida, Flávia vai todos os anos para a Amazônia no intuito de realizar oficinas para capacitar os nativos de como se trabalhar a borracha colorida de alta qualidade. Nesse trabalho as mulheres são incluídas em toda cadeia de produção, dando valor às pessoas que trabalham e dando sentido às vidas de todos que ali se encontram. Um dos exemplos citados por Flávia é Branca. Trata-se de uma mulher da comunidade com quem trabalhava, que tinha uma característica de não falar. Hoje, essa mulher é uma das líderes, e assim, notou que o poder desse trabalho foi transformador. Flávia relata que até hoje Branca se emociona ao relatar as histórias de sua própria comunidade, bem como a ela também. Para que tudo isso aconteça, Flávia conta com apoio de organizações não governamentais e o laboratório da UnB para o desenvolvimento da borracha, além do carbono de poluição. Hoje as joias e os produtos da empresária são exportados para diversos países. Também são objetos de exposições pelo mundo e vendidas aqui no Brasil, em diversos lugares. Em 2020 Flávia Amadeu fará o lançamento de óculos com Carbono de poluição numa colab com a Wiit, de Florianópolis, estado de Santa Catarina, além do lançamento previsto para novembro de sapatos, roupas e bolsas. Perguntada sobre o porquê escolheu Brasília para morar e administrar seu negócio e qual o seu propósito; ela responde: “aqui possuo qualidade de vida e onde tenho o meu centro de apoio”. Flávia explica: “apoiar pessoas para o seu crescimento. É isso que vejo e sinto nas comunidades. Lá eles usam recursos locais, naturais e sustentáveis. As pesquisas e o designer são ferramentas de impacto social e para a preservação ambiental. A inovação e o acabamento perfeito das peças valorizam os materiais naturais e agregam valor”. E continua: “quando você compra uma joia orgânica, além de ter uma peça única e sustentável, estará ajudando uma comunidade na Amazônia. Tem coisa melhor?” O melhor mesmo é ver um trabalho lindo, com enorme impacto social, sustentável e com um valor inestimável, que é o de ajudar o outro com peças únicas e inesquecíveis! Vale muito a pena conhecer e seguir o trabalho feito por Flávia Amadeu.
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